Têbêtexto - Férias em Altinho

fevereiro 13, 2022

Acho que eu tinha uns 5 anos quando fui passar as primeiras férias em Altinho (PE) cidade onde meus pais nasceram.

Lembro que foi quando descobri que minha mãe tinha uma mãe! Como assim? rsrsrsrsrs

Teve um dia que ganhamos, minha prima Fátima e eu, algumas moedas de algum adulto e eu disse pra ela:

- Vamos comprar bala?

- Bala?? Como assim?

- Doces ué!

- Mas aqui não tem isso não...

- Tem sim! Eu vi ali no bar. Vamos lá que eu te mostro.

- Ahhh! É isso? Disse minha prima depois que apontei as balas no balcão. Isso aí é confeito! Bala aqui só se for de revólver.

😄😄😄😄

Depois fomos com outra prima, a Naelma, na casa de uma amiga dela. A casa era um pouco afastada e era tipo uma chácara.

Chegando lá fomos andar no quintal e do nada apareceu um filhotinho de cabrito, como todo filhote, querendo brincar.

Eu e minhas irmãs fomos nos assustando com ele, não entendendo aquilo, com medo dele morder a gente e não sei quem foi primeiro mas um segundo depois entramos correndo e gritando na casa como sei lá o que poderia estar atrás da gente.

Quando chegamos na sala os donos da casa estavam recebendo visitas e todos olharam pra gente espantadíssimos e a dona perguntou: mas o que aconteceu???

- Nada, disse a amiga da minha prima, foi só um cabritinho que começou a pular nelas.

Todos riram e devem ter pensado: esse povo de São Paulo é tudo mole mesmo.

😄😄😄😄

Agora estávamos indo minha irmã Arleide, meu cunhado Adilson (pela primeira vez) e eu, de vela, rsrsrsrs. Eu já tinha uns 13 anos acho.

Fomos de ônibus. Em uma das paradas, já em algum estado nordestino, meu cunhado foi perguntar:

- Quanto é o caldo de cana?

O moço sem entender bem respondeu rápido: ah! não tem não.

- Mas o que você tá vendendo então?

- Guarapa.

Rsrsrsrsrsrs.

Depois, já em Altinho, fomos dar uma volta na praça e mais uma vez meu cunhado:

- Olha ali o menino vendendo sorvete, vou comprar um.

Quando ele foi se aproximando o menino já tirou a tampa do isopor para vender.

- Tem sorvete de quê? Meu cunhado perguntou.

O menino fechou o isopor e disse: ah! não tem sorvete não.

- Mas e isso aí dentro é o quê?

- É picolé.

Para eles "sorvete" é só o de massa.

😄😄😄😄 

Essa foi em uma das viagens seguintes.

Fomos visitar meu tio Moacir e minha mãe explicou mais ou menos onde ele morava.

- Chegando perto vocês perguntam que todo mundo ali conhece ele.

E assim fizemos: por favor, o senhor sabe onde mora o Moacir, que trabalha no açougue?

O senhor pensou um pouquinho e disse apontando: ele mora aqui ó, na rua derradeira.

- Ah tá bom, obrigada!

Seguimos na direção:

- O que é derradeira? Perguntamos um para outro.

- Será que é a próxima rua? Eu disse.

- Ou será que é a última rua? Disse meu cunhado.

Ele estava certo. 😉

Eu adoro essas diferenças culturais. Cada canto com o seu jeito, com seus modos, com suas palavras e sotaques.

Têbêtexto, aquele texto que sai quando as lembranças chegam.


0 comentários