Foi a primeira vez que entramos na cidade de Gandu, na Bahia. Não sei porque mas gostei meio de cara da atmosfera daquele lugar. Um misto de cidade interiorana com cidade grande.
Seguindo a orientação para encontrar o hotel o carro seguia devagar pelas ruas. Em uma curva vi uma mulher e uma menina atravessando a rua juntas, de mãos dadas, naquele clima de "vamos atravessar, corre, olha o carro!" E já na calçada do outro lado as duas riam e seguiram conversando, animadas.
Não sei se eram mãe e filha ou irmãs. A mulher segurava uma sacola pequena de mercado. A menina segurava com as duas mãos o outro braço dela.
Pode ser que estavam indo para casa, preparar o jantar, tomar um banho, fazer a lição de casa.
Parecia que havia uma grande cumplicidade entre as duas. Algo leve e seguro.
Eu sigo pelo Instagram a #lixozero e vou acompanhando as postagens com esse tema do qual gosto muito.
Pois bem, vi em uma das postagens que a autora do livro com o mesmo nome "Lixo Zero" iria dar uma palestra em Santo André, no Parque Central e depois iria ter um bate-papo com os participantes.
"Uau, aqui em Santo André! Que legal, eu vou, claro!"
Avisei a minha amiga Cris, avisei minha irmã (que não ia poder ir pois iria viajar no dia) e mandei o post para outra amiga pelo Instagram.
Como fazia muito tempo que eu não ia no Parque Central fiquei pensando em que local exatamente iria ocorrer a palestra, será que ia ser ao ar livre? Não lembrava de lá ter algum lugar apropriado para isso.
Mandei uma mensagem para o perfil do post e foi respondido: a palestra vai ser na Cafeteria, dentro do Parque.
"Ah tá!" Pensei. "Faz tempo que não vou lá, nem sabia que tinha uma cafeteria agora".
Então no dia fui eu toda animada para o Parque. Chegando lá, para não perder tempo procurando já perguntei para um senhor que estava vendendo doces onde era a tal cafeteria.
- Cafeteria? Aqui no Parque...poxa não sei não moça, pergunta para aquela senhora ali vendendo cachorro-quente que ela deve saber, faz mais tempo que ela trabalha ali.
- Cafeteria? A senhora me respondeu. Aqui não tem cafeteria não moça. E voltou a atender as pessoas.
Eu fiquei toda perdida pensando: como assim não tem? Poxa, ainda confirmei e a pessoa me disse exatamente isso, na cafeteria do Parque Central...
Peguei o celular e comecei a fuçar e aí...o que eu descubro? Que sim, a palestra seria em Santo André. Sim, seria no Parque Central. Mas em Portugal!!!
Gêzus!! Olha a coincidência!! Em Portugal tem uma cidade chamada Santo André, e na cidade tem um parque com o nome Parque Central!
Com o carro parado em um semáforo observo a mulher na bicicleta parada na calçada.
Quase 11h da manhã. A cidade é Recife, ou como os próprios habitantes a chamam, Hellcife. Então sim, o dia estava quente, e notei que a parada foi escolhida estrategicamente embaixo da sombra de uma grande árvore.
Apesar do clima quente ela não parecia estar suada, ofegante ou incomodada com todo aquele calor.
Não era jovem (fisicamente falando) e talvez por isso aparentava aquela plenitude. Uma sabedoria de quem já entendeu que aderir e andar de acordo com as circunstâncias é melhor, e mais sábio.
Tinha cabelos curtos, vestia roupas confortáveis, com aquele tecido de malha bem molinho. Uma blusa com as costas a mostra e uma calça larga, de cores claras. Sandálias rasteiras.
Seu semblante não transparecia preocupação, irritação ou empolgação. Os barulhos do trânsito parecia não atingi-la. Transmitia apenas a satisfação de quem tinha encontrado uma boa sombra para descansar um pouco. E depois, seguir o dia.
[Crônica das férias]
O Valter era o gerente de marketing e tinha umas sacadas ótimas, sempre fazia a gente rir com seus comentários.
Certa vez fizemos uma festinha junina no escritório ele entrou, olhou pra todos e já disse: pessoal, já fui em velório mais animado que essa festa hem? =)
Um dia veio me pedir ajuda em um assunto: me ajuda aqui que tô mais perdido que cachorro em dia de faxina de final de ano. rsrsrsrs
Então a gente meio que estava acostumado a já ficar esperando uma piada quando ele estava falando algo. Todos ficavam naquela "o que será que ele vai falar dessa vez", com o riso já meio que pronto.
Só que aí eu percebi que em alguns momentos ele fazia alguns comentários preconceituosos ou colocando alguém do escritório em evidência e eu...ria! Porque eu também estava tão habituada a rir dos seus comentários que eu primeiro ria e segundos depois eu pensava: peraí, não foi legal isso que ele falou.
Então passei a ficar mais atenta: vou esperar primeiro ele terminar e depois se realmente for só engraçado, dou risada.
No início nem sempre conseguia porque aquilo já era um hábito, tava no automático. Mas com atenção fui conseguindo e assim deixei de rir de comentários que não eram agradáveis ou corretos de serem feitos.
Algumas vezes eram comentários colocando alguém da equipe em evidência, falando algo que se notava que a pessoa se incomodava com aquilo mas como era sempre em tom de brincadeira, de "bom humor" todos riam. Poxa, muito chato para pessoa né?
Outras vezes também era destilado ali um preconceito, um comentário homofóbico, e por mais que não atingisse ninguém que estava ali não eram engraçados. Mas com seu jeitão jocoso ele fazia ficar. E eu definitivamente não queria compactuar com aquilo.
Então entendi que para que isso não aconteça eu primeiro escuto e sendo realmente algo engraçado entro no coro das risadas. Se não for engraçado fico, sem nenhum pudor disso, séria.
E como meu professor Alcebíades dizia: o palhaço só existe porque tem plateia.
Então enquanto esses tipos de piadas/comentários/gracejos causarem risadas quando forem feitos a ideia de que são aceitáveis e corretos vai se fortalecendo. E isso não é legal.
Acho que eu tinha uns 5 anos quando fui passar as primeiras férias em Altinho (PE) cidade onde meus pais nasceram.
Lembro que foi quando descobri que minha mãe tinha uma mãe! Como assim? rsrsrsrsrs
Teve um dia que ganhamos, minha prima Fátima e eu, algumas moedas de algum adulto e eu disse pra ela:
- Vamos comprar bala?
- Bala?? Como assim?
- Doces ué!
- Mas aqui não tem isso não...
- Tem sim! Eu vi ali no bar. Vamos lá que eu te mostro.
- Ahhh! É isso? Disse minha prima depois que apontei as balas no balcão. Isso aí é confeito! Bala aqui só se for de revólver.
😄😄😄😄
Depois fomos com outra prima, a Naelma, na casa de uma amiga dela. A casa era um pouco afastada e era tipo uma chácara.
Chegando lá fomos andar no quintal e do nada apareceu um filhotinho de cabrito, como todo filhote, querendo brincar.
Eu e minhas irmãs fomos nos assustando com ele, não entendendo aquilo, com medo dele morder a gente e não sei quem foi primeiro mas um segundo depois entramos correndo e gritando na casa como sei lá o que poderia estar atrás da gente.
Quando chegamos na sala os donos da casa estavam recebendo visitas e todos olharam pra gente espantadíssimos e a dona perguntou: mas o que aconteceu???
- Nada, disse a amiga da minha prima, foi só um cabritinho que começou a pular nelas.
Todos riram e devem ter pensado: esse povo de São Paulo é tudo mole mesmo.
😄😄😄😄
Agora estávamos indo minha irmã Arleide, meu cunhado Adilson (pela primeira vez) e eu, de vela, rsrsrsrs. Eu já tinha uns 13 anos acho.
Fomos de ônibus. Em uma das paradas, já em algum estado nordestino, meu cunhado foi perguntar:
- Quanto é o caldo de cana?
O moço sem entender bem respondeu rápido: ah! não tem não.
- Mas o que você tá vendendo então?
- Guarapa.
Rsrsrsrsrsrs.
Depois, já em Altinho, fomos dar uma volta na praça e mais uma vez meu cunhado:
- Olha ali o menino vendendo sorvete, vou comprar um.
Quando ele foi se aproximando o menino já tirou a tampa do isopor para vender.
- Tem sorvete de quê? Meu cunhado perguntou.
O menino fechou o isopor e disse: ah! não tem sorvete não.
- Mas e isso aí dentro é o quê?
- É picolé.
Para eles "sorvete" é só o de massa.
😄😄😄😄
Essa foi em uma das viagens seguintes.
Fomos visitar meu tio Moacir e minha mãe explicou mais ou menos onde ele morava.
- Chegando perto vocês perguntam que todo mundo ali conhece ele.
- Ah tá bom, obrigada!
Seguimos na direção:
- O que é derradeira? Perguntamos um para outro.
- Será que é a próxima rua? Eu disse.
- Ou será que é a última rua? Disse meu cunhado.
Ele estava certo. 😉
Eu adoro essas diferenças culturais. Cada canto com o seu jeito, com seus modos, com suas palavras e sotaques.
Têbêtexto, aquele texto que sai quando as lembranças chegam.
Essa cestinha fica no balcão do banheiro e são produtos no geral para a pele.
Tenho como objetivo (já faz um tempo) deixar ela com menos produtos, mas tá difícil.
E olha que controlo bem as compras e nem sou do "skincare" diário.
Mas tá aí, vários produtos. Uso todos mas não todos os dias. Então não precisa de tanto né?
Sei que pra mim o que pega é quando vou repor algo que acabou, começo a passear pelos sites, ver as novidades e sempre compro algo além daquele que eu precisava, pra aproveitar o frete, minto pra mim mesma. E como não uso todos os dias eles duram pra caramba. E acumulam.
E ainda tem os produtos (óleos geralmente) que uso no inverno e não estão aí.
Quero muito ter espaço aí nessa cestinha para colocar um vasinho de planta.
E quando acontecer, tanto vai ficar lindo duas vezes: pela beleza da planta e pelo número reduzido de produtos.
Preciso realmente focar nessa redução. Bora lá.
Janeiro
1 - A virtude da raiva - Arun Gandhi 🖤🖤🖤🖤
2 - Eu, Tituba - Bruxa Negra de Salem - Maryse Condé 🖤🖤🖤🖤🖤
Fevereiro
3 - Revolução Laura - Manuela D'Ávila 🖤🖤🖤🖤🖤
Maio
6 - Narciso em férias - Caetano Veloso 🖤🖤🖤🖤🖤
Agosto
Setembro
11 - Zen para distraídos - Monja Coen e Nilo Cruz 🖤🖤🖤
12 - Dez histórias para tentar entender um mundo caótico - Jamil Chade e Ruth Manus 🖤🖤🖤🖤🖤
Ouvi essa história da Carol, trabalhamos um tempo juntas.
Na empresa que ela tinha trabalhado antes, na confraternização de final de ano, todos os funcionários ganharam um kit com vários mimos incluindo um vazinho de suculenta.
Logo os colegas começaram a falar como cuidar de suculentas, se gosta de muita água ou não, pode ficar no sol, não pode.
E ela decidiu que aquela plantinha ela não iria matar como já tinha feito com outras. Iria cuidar direitinho, com atenção para que vingasse.
E assim ela fez, colocou o vaso em um lugar adequado, onde pegava sol de manhã e depois fazia uma sombra boa, colocava a quantidade certa de água e o tempo foi passando e a plantinha seguia viva.
Depois de um tempo ela comentou com os colegas:
- Olha, nem falei pra vocês hem? A plantinha que a gente ganhou no Natal tá firme e forte lá em casa. Não falei que essa iria sobreviver?
- Carol...disse um colega. Aquela plantinha é de plástico...
Precisei ir até o escritório para pegar um novo equipamento e na hora de me arrumar decidi colocar um par de brincos verdes que comprei em uma feirinha na Liberdade.
E nossa! Mó tempão que eu não colocava brincos. Por conta da pandemia eu colocava o mínimo de coisas possíveis como uma forma de evitar a contaminação e também facilitar a higiene quando chegasse em casa.
Lá, na hora do almoço, comprei um lanche para comer na mesa do escritório mesmo.
No momento de tirar a máscara, a pff2, puxei ela pra cima em um movimento rápido e o elástico enganchou no brinco e senti ele pulando e que a tarachinha tinha ficado não sei como na orelha, e fiquei esperando ouvir o barulho do brinco caindo em algum lugar para eu ir procurar, só que... não teve barulho nenhum.
Logo comecei a passar na minha roupa, no meu cabelo (mas eu estava de coque) e nada...olhei o chão, debaixo das mesas, várias vezes e nada.
As meninas me ajudaram também, tem que tá por aqui Alda. Mas nem sinal...fiquei meio triste. Era um brinco simples mas que eu gostava muito dele, principalmente pela cor.
A Régis pra me consolar me falou: cê vai achar amiga, quando você chegar em casa você vai descobrir ele em algum lugar.
Tomara, eu pensei. Mas achava pouco provável pois já tinha olhado em toda minha roupa, no capuz da blusa, passado as mãos no coque...
Avisei a moça que faz a limpeza do escritório se ela achasse algum brinco para deixar na minha mesa e essa era a esperança mais forte para mim. Dela achar em algum lugar. E claro, apelei pra São Longuinho.
Chegando em casa, fui desfazer o coque do meu cabelo e...senti algo estranho além dos grampos...sim! era ele! kkkkkkkk meu brinco! Não sei como ele entrou no coque e ficou guardadinho o tempo todo ali.
Dei risada e fui colocar ele junto do outro que eu tinha deixado na prateleira do armário...não, não tá. Na caixa de bijuterias...eita também não tá...onde eu coloquei o outro brinco?? Sério, não tava acreditando que agora eu tinha perdido o outro! Apelei mais uma vez para São Longuinho e no dia seguinte, fui revirar novamente a bolsa e achei em um dos bolsinhos. Ufa! Só faltava agora eu ter perdido o outro depois de achar o primeiro de forma tão improvável!
Agradeci São Longuinho com os seis pulinhos e entendi que enquanto o uso da máscara for necessário o melhor é evitar usar brincos.