Não sei como e há quanto tempo elas se conhecem.
Mas sei que elas são tipo irmãs, no sentido mais puro da palavra.
Quando a Thelma tomou um porre assim de bobeira no sÃtio, foi a Louise que primeiro segurou as pontas para ela não dar showzinho e depois a cabeça quando o vômito veio.
Elas sempre têm um cuidado e atenção especial para comprar o presente de aniversário da outra.
Também começaram a fazer aulas de dança de salão juntas, no começo se divertiram, mas depois se cansaram de ficar disputando o único homem da sala com toda aquela mulherada na hora de praticar e acabaram desistindo.
Quando a Thelma foi mandada embora do trabalho e recebeu uma grana a Louise deu a maior força para ela reformar o apê e finalmente ir morar sozinha, ter o seu cantinho. Foram vários finais de semana as duas perambulando pelas lojas de construção pesquisando pisos, azulejos e tintas para tudo ficar em ordem.
Isso sem contar as viagens, festas de final de ano, idas ao Brás, Bom Retiro para comprarem roupas.
Se pinta um exame médico que precisa de acompanhante, opa! uma acompanha a outra. Mesmo que seja sábado de manhã e depois de uma semana puxada de trabalho.
Quando a Thelma vai visitar a famÃlia na Bahia é a Louise quem cuida dos cachorrinhos.
E agora (que ironia!) que finalmente a Louise tinha tido coragem de dar o pé na bunda do namorado ogro (no pior sentido da palavra) se descobriu grávida.
Susto, muito choro, discussões, silêncios.
Claro,
o ex-namorado ogro disse, em tom de xingamento pesado, que as duas eram
"sapatonas" (coisa mais antiga esse termo hein meu amigo?) e fez
escândalos para macho nenhum botar defeito. Mas que na verdade foi
ridÃculo. Para ele.
A Louise agora está curtindo a gravidez. Depois de tanto tempo ser mãe de novo tá sendo uma novidade e tanto:
- Tudo mudou, agora tudo é diferente. Exames, cuidados, tudo. Diz ela.Na
sala do ultrassom, quando ouviu pela primeira vez as batidas do coração
do bebê, era a Telma que estava do lado, feliz e com aquele olhar de
"calma, vai dar tudo certo".
E como geralmente ocorre com toda a mudança, assusta no começo mas depois a curiosidade, as descobertas e a novidade vão tomando conta.
E a vida segue. E o baile também.
P.S: os nomes foram surrupiados do filme mas a história é real.
P.S2: deu vontade de assistir esse filme de novo.
P.S3: tinha que ser a foto clássica.
Hoje fui cortar meu cabelo em um salão em São Paulo, não é um salão chique, é de bairro.
Mas os preços são um pouco acima dos preços aqui perto de casa, até cogitei em fazer as unhas também mas depois de saber o valor acabei desistindo, tipo quase R$20,00 mais caro.
Fiquei só no corte e na aplicação de um produto que gosto muito.
Pois bem, enquanto estou lá, entram e saem várias mulheres.
Uma contando do cruzeiro feito recentemente, 8 dias com vida de madame, segundo ela. Outra falando dos dias na praia que foram melhores do que no mês de janeiro.
Mas o assunto central foi a prisão do Lula. Inclusive as manicures.
Trocavam pelo Whats´app imagens-piadas sobre o ocorrido. E teciam comentários ora ridÃculos, ora ignorantes e sempre preconceituosos.
Na tv mostra a entrega de água e lanches para as pessoas que estão nas ruas em manifestação.
- Olha lá, o absurdo. Um bando de vagabundos, ninguém trabalha. Por que não vão dar comida nas favelas onde tem gente passando fome??
Pensei com meus botãozinhos: primeiro essas pessoas na grande maioria são das periferias, segundo, será que ela sabe que os governos de esquerda são os que mais dão as pessoas nessas condições?
Em seguida ela emenda:
- Então, deixa eu falar da bacalhoada que eu fiz. Você compra assim um pedaço bom de bacalhau e deixa ele mergulhado, mas mergulhado mesmo, no azeite de um dia pro outro.
É...acho que não, concluo.
Uma outra fala:
- Meu sogro quando era vivo levava cestas de fim ano em uma favela. Ele entrega até senhas para fazer tudo direitinho. Entregava frango, panetone...E era tranquilo, não acontecia nada assim de bagunça sabe.
Nenhum comentário das demais. Ninguém elogiou, ninguém falou que conhecia alguém que fazia o mesmo...nada.
Depois de alguns segundos de silêncio todas voltaram com os xingamentos ao Lula e a falar agora de peixe com molho de aspargo.
Não sei se as manicures compactuavam dessa opinião ou o fazia apenas para não serem do contra ou por falta de argumentos. Penso que a primeira opção é a válida.
Não sei se as manicures compactuavam dessa opinião ou o fazia apenas para não serem do contra ou por falta de argumentos. Penso que a primeira opção é a válida.
Tristeza.