Certa vez, Clara estava em casa passando a roupa da semana e Mariguella, seu companheiro, perguntou:
- Por que você faz isso?
Ela respondeu argumentando que era necessário, as roupas precisam estar passadas para serem vestidas, ninguém sai de casa com a roupa amassada...
Ainda sem muito entender o porquê daquilo ele disse:
- Então, enquanto você passa eu vou ler esse livro aqui, em voz alta, pra você. Assim, seu tempo não será totalmente desperdiçado.
(Enquanto esperava a aula do curso Realidade Brasileira começar, ouvi essa história de duas moças que estavam conversando ao meu lado).
Quando vejo por aÃ, uma casa com uma parede com uma composição de quadros, fotos e objetos pendurados eu acho tão bonito...
Chego até pensar: vou fazer uma parecida aqui em casa.
Mas quando olho para a parede lisinha, recém pintada, eu...desisto.
Porque atualmente isso tá me fazendo tão bem...meio que sempre foi assim, mas acho que agora tá mais intenso.
Menos...o menos me traz conforto.
Sinto uma leve angústia quando entro em uma casa que tenha muitas coisas...veja, não acho feio ou de mal gosto. Mas o excesso me pega um pouco.
Sei lá...sabe um cabideiro cheio de bolsas? Será que a pessoa realmente precisa, ou principalmente, usa todas? Será que a metade, ou menos, já não seriam suficientes?
E pra manter tudo isso limpo e organizado? Não te pede um tempo que poderia estar fazendo tantas outras coisas ou mesmo descansando?
Quero isso não. Quero menos. Quero facilidade.
Se fosse começar a montar um casa hoje seria tão diferente...seria tudo mais simples, pouquÃssimo objetos de decoração. Menos roupas, menos livros (será mesmo? rsrsrsrs), menos cd´s.
Um lençol dura muito tempo...uma caneca também. Tô nessa onda de manter o pouco. Mas confesso que, apesar de ser um forte desejo, reconheço que não é fácil.
Aà entra o apego. Esse danadinho. Você pode passar anos sem ver um objeto dentro da sua casa e não sentir a mÃnima falta dele. Mas no momento que você o vê, cadê a coragem pra descarta?
NOVA GERAÇÃO
Numa sexta-feira, logo após desligar o computador do trabalho, vi uma mocinha que sigo no Instragram, postar algo como "sextou, hora de limpar a casa rsrsrsrs". Eu pensei: olha, não sou só eu que tô nessa.
Acho que umas 3h depois, ela postou uma foto com um prato e copo postos na mesa e escreveu: pronto! a roupa tá máquina, tudo limpo, já tomei banho e tô esperando a pizza chegar.
E eu: nossa, e eu ainda tenho um monte de coisas pra fazer!
Claro, tem a diferença que eu moro em uma casa e ela em um apartamento. Mas também já percebi o pouco de móveis que ela tem na sala, o pouco de objetos, só duas plantas pra aguar...
Óbvio que ela dá conta de tudo muito mais rápido!
Tudo pra ela vai ser mais fácil, se um dia for se mudar vai embalar tudo muito rápido, um transporte pequeno vai dar conta de levar tudo, vai pagar menos...
Eu só vejo vantagens.
E tô querendo entrar nessa aà também.
Então, conselho que ninguém pediu: se você vai começar a montar uma casa agora: você não precisa de trocentos panos de pratos, várias canecas, copos, toalhas de banho, etc. Comece com tudo muito pouco e, caso vá sentindo necessidade, compre mais um. Mas caso contrário, pense: menos é melhor.
(Pequenas alegrias da vida adulta)
Não me conformo. A frigideira, a panela que mais precisa ter uma tampa, de praxe, é vendida sem.
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Outra coisa que não está nos conforme é a temporada da mexerica ser no outono e inverno. Nada a ver. Mexerica é cÃtrica, cheia de caldinho, casca cor laranja vibrante! Tudo a ver com o verão.
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Detesto ficar com as unhas compridas e na mesma proporção, detesto ter que cortá-las. Já se alguém cortar para mim, adoro.
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Por favorzinho, parem de ficar anunciando: faltam 10 semanas para o Natal, faltam tantos dias para o Natal.
Se não me bastasse os panetones em outubro nos mercados, agora tem essa contagem regressiva. Não, né?
do que éramos ontem.Dia 11 de setembro, entrou para a nossa história.
Foi luta para tirar esse ser do poder.
Nunca vou entender quem deu voto para ele.
Nunca, nunca vou entender que "era uma escolha difÃcil".
Foram muitas manifestações. Muitos abaixo-assinados, muito repúdio nas redes sociais, contra o absurdo que foi os 4 anos de gestão desse Coiso.
Mas essencialmente foram os votos nas urnas que o tiraram do posto.
E isso foi lindo demais.
Porque a tentativa de golpe começou daÃ.
Depois de mais de 30 anos morando na mesma rua, minha irmã se mudou. De bairro e de uma casa para um apartamento.
Uma baita mudança. Ainda mais para uma virginiana, ela disse.
Conversando com o Felipe, meu sobrinho, ele disse que demorou para cair a ficha. Que no inÃcio, na mente dele, aquela mudança era temporária, que logo eles iam voltar para a casa que ele sempre morou.
Entendo ele. Quando eu era adolescente e imaginava o futuro, pensava que iria morar naquela casa no Jd.Rodolfo Pirani/Pq.São Rafael até me casar.
E não é que eu sonhava em me casar, é que esse era o roteiro padrão da época mesmo.
Até que meu pai, que sonhava com isso há muito tempo, resolveu de fato voltar a morar em Altinho, Pernambuco.
E de lá pra cá, acho que morei em umas 8 casas. Olha só.
Mas somente lá no Pirani eu tive a sensação de pertencimento. Nem mesmo nesta casa atual, onde moro há uns bons anos, tenho a sensação de “este é o meu bairro”. Ele me é sim, bem familiar, claro. Mas não tenho o mesmo sentimento por aqui que tive na minha infância até a adolescência.
Lá, a gente só não sabia os nº/nomes das ruas, quanto o que tinha em cada uma delas.
“Ali na 47, sabe? Perto da casa daquela mulher que faz bolo de aniversário?”
“Cê viu? Pintaram aquela casa da 48, do lado da vielinha. Ficou bonita. Gostei daquele azul clarinho.”
Tudo era muito Ãntimo, ou pelo menos, muito conhecido.
Tem uma música dos Racionais que acho que retrata bem isso:
“Chegou fim de semana todos querem diversão
Só alegria nós estamos no verão, mês de janeiro
São Paulo, zona sul
Todo mundo à vontade, calor céu azul
Eu quero aproveitar o Sol
Encontrar os camaradas prum basquetebol
Não pega nada
Estou a uma hora da minha quebrada
Logo mais, quero ver todos em paz...”
Me lembro do dia que a Alda, minha irmã disse isso: quando a gente tá voltando de Santo André, quando o ônibus chega ali perto do Baronesa (mercado) a gente já sente uma coisa diferente, dá uma sensação boa de estar chegando em casa, na nossa área.
E eu pensei, poxa, é verdade. Também sinto isso.
Lembro que nesse caminho, de Santo André para o Pirani, a gente vinha admirando as casas, que eram grandes, e mais pomposas. Chegando no Rafael, já ia mudando. As casas eram mais simples, mais apertadinhas uma com as outras, mas as ruas eram mais animadas, mais movimentadas, mais a gente, mais nossas.
Hoje, quando o pensamento volta pra lá, vem uma sensação tão boa, que é até difÃcil de descrever.
Depois de anos que tÃnhamos nos mudado de lá, voltamos eu e
Alda, para ver o pessoal e a mulher que tinha comprado nossa casa deixou a
gente entrar.
A fachada já estava totalmente mudada_o que já dava um aperto no coração. Cadê
o pé de boldo, cadê o portão baixo de madeira?
Mas daÃ, já dentro da casa, passamos pelo banheiro e meu coração quase parou. Esse sim, estava exatamente do jeito que meu pai fez. Quando vi de novo aqueles azulejos azuis com umas nuances de branco (que pareciam muito nuvens no céu)_nossa, difÃcil descrever o que senti. Que sensação maravilhosa.
Parece que pude ouvir o rádio ligado tocando as músicas que minhas irmãs gostavam ou programa do Eli Correa que minha mãe ouvia enquanto costurava.
O barulho do meu irmão e dos meus primos brincando no quintal.
Minha tia avisando a minha mãe que o caminhão do gás tava passando.
A gargalhada da Sônia, nossa vizinha. O barulho do ônibus parando no ponto em frente a nossa casa.
Tudo isso foi vivido só lá. Na rua Júlio César Moreira, nº3B que depois virou 1.380.
[A gente morava em São Paulo, mas bem perto da divisa com a
cidade de Santo André.
E ainda, morávamos no Bairro Jd.Rodolfo Pirani, que fazia divisa com outro bairro, o Parque São Rafael. E a gente se misturava por ali.]
Um noivo "divertidão", no dia do casamento, colou na sola do sapato um papel escrito "Socorro!".
Então, quando ele e a noiva se ajoelharam no altar, todos os convidados leram e riram.
O padre cancelou o casamento.
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Uma moça disse que sempre que contava a novidade _marcamos a data do casamento!_ para um parente ou amigo, ouvia: "ê fulano, acabou pra você heim?" ou "poxa, até que enfim o fulano parou de te enrolar né?"
Ela prontamente respondia: "não, ele não tava me enrolando...a gente só tava juntando a grana para poder comprar tudo, casa, móveis..." ou "péra, ele quer casar comigo gente, ninguém tá forçando ele a nada não, não é fulano? Ele tinha a opção de ficar na casa dos pais, mas escolheu casar comigo para formamos nossa famÃlia."
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No cursinho de noivos, o padre disse que iria dar um conselho matrimonial para as mulheres e outro para os homens.
Para os homens o conselho foi: não se esqueçam das datas importantes, de namoro, de casamento...isso é importante para as mulheres.
Para as mulheres: fiquem sempre bonitas e arrumadas, mesmo em casa, no dia a dia. Assim vocês evitam do marido começar a "olhar para os lados".
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Durante a festa de casamento a noiva joga o buquê para as mulheres pegarem.
E o buquê é disputado pois aquela que pegar "uau! será a próxima a casar".
E caso a "sortuda" tenha um namorado, nesse momento ele será zoado com vários "ihhh, fulano se ferrou!"
(E todos, não sei o porquê, acham graça dessa cena...)
Já o noivo, joga a caixa de uma garrafa de uÃsque para os homens, aquele que pegar, ganha a bebida.
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Eu poderia fazer um baita textão aqui.
Mas acho que basta as reflexões que vem sobre tudo isso.
Sério, vai lá. Lê novamente.
Deduziu mais coisas, não foi?
E se ler de novo, vem mais. Pode acreditar.
E quanto disso tudo, nós mulheres, contribuÃmos para que seja perpetuado?
Rindo junto com os demais diante desses comentários, fazendo igual porque a tradição assim manda, não questionando se cabe tal conselho, ou ainda, defendendo: nossa, mas ele só tava brincando!
Às vezes pode ser por ignorância mesmo, por nunca ter refletido sobre, mas pode ser por falta de coragem, para não seguir essas tão bem engendradas pelo patriarcado.
E é assim mesmo que os homens gostam e querem...
Bom, olha eu aqui fazendo textão. Mas é que tudo isso é muito injusto com a gente.
E até quando a gente vai fingir que tá tudo bem?
O gostoso de comprar livro na pré-venda é que depois, quando você menos espera, o carteiro te entrega um pacote e você fica_ué....o que é isso mesmo?_ e quando abre: uia! é o livrinho! =)
Muito bom.
Quando você tá escovando os dentes ou mexendo uma panela no fogão, você coloca a mão livre na cintura? Eu coloco.
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Pra mim é difÃcil entender a pessoa que tem miopia e não usa os óculos.
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Ouvi dizer também, que 1 laranja por dia, supre a necessidade diária de vitamina C.
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A prisão domiciliar do Coiso foi decretada. Sim, comemorei! Demorou, mas até que enfim, aconteceu.
Mas não rolou a cervejinha porque_não sei se estou sendo otimista ou ingênua demais_tô aguardando a prisão na Papuda para tal ritual.
(E agora tá combinado a companhia da Cris para este momento 🙂)